Portugal: Bebé hospitalizado depois de Polícia atirar gás pimenta em casa de cabo-verdianos

07-06-2011 21:45

 Uma criança  teve de ser assistida no hospital da Amadora - Portugal - devido ao excesso de gás pimenta que a polícia espalhou na casa da mãe. Tudo aconteceu na madrugada de sábado para domingo quando a polícia foi chamada ao Bairro 6 de Maio, na Amadora, na sequência de desacatos quando forama atiradas pedras e uma cadeira a dois carros-patrulha na zona.

A polícia de intervenção foi chamada ao local e, segundo testemunhas, terá agido com demasiada brutalidade, o que deixou a população revoltada: "Foi tudo uma grande pancadaria, com uma brutalidade incrível", disse Suati Moreno, citado pela Lusa.

Segundo a PSP, durante a condução dos seis detidos à esquadra, registaram-se desacatos por parte de moradores do bairro que partiram vidros, danificaram caixotes de lixo, portas de carros, de prédios e de estabelecimentos comerciais na zona envolvente ao bairro, tendo as autoridades detido mais onze pessoas.

Os moradores acusam os agentes de terem actuado com excesso de força e de terem entrado nas habitações e agredido pessoas. Segundo o jornal A Semana, a criança hospitalizada é cabo-verdiana, tal como a mãe que se mostrou indignada com a atitude da polícia: “Não nos tratam com respeito. Quando eu disse que tinha uma filha de um mês a dormir no quarto atirou-me com gás pimenta nos olhos. E o que estava atrás riu-se. Estava um rapaz ao lado com a cabeça partida e eles foram-se embora como se ele fosse um cão”, contou Suati Moreno, moradora no bairro.

Perante as câmaras, os moradores afastam-se temendo futuras represálias das autoridades. É o caso de um jovem, que mostrou à Lusa um vídeo captado na noite de sábado, onde mostra alguns dos jovens a serem agredidos.

“Estavam a bater num surdo-mudo porque diziam que ele lhes tinha chamado nomes. Nós começámos a gritar a dizer que ele não ouvia nem falava, mas bateram-lhe muito”, disse.

Para a associação SOS Racismo, a intervenção  da polícia foi abusiva e "levanta seríssimas preocupações sobre a impunidade da violência policial".

"E a cada acção de violência policial que resulta em violações flagrantes dos direitos humanos e /ou em morte, as autoridades aparecem sempre com justificações oficiais que, além de falaciosas, são insultuosas para a dignidade humana", referiram.

Por isso apelaram para "uma estratégia política de resposta social às desigualdades, à precariedade e contra a discriminação".