O MPD pôs em causa a forma como BAI entrou na Electra / Política / Detalhe de Notícia

05-06-2011 20:05

 

 


 

O MPD pôs em causa a forma como BAI entrou na Electra


O MPD pôs em causa a forma como o Governo caucionou a entrada do Banco Africano de Investimento (BAI, angolano) como possível acionista da Electra, empresa nacional de energia e água cabo-verdiana.

O maior partido da oposição em Cabo Verde pôs ontem em causa a forma como o Governo caucionou a entrada do Banco Africano de Investimento (BAI, angolano) como possível acionista da Electra, empresa nacional de energia e água cabo-verdiana.

Numa conferência de imprensa, o líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD), Fernando Elísio Freire, disse que o partido vai propor à Comissão Especializada de Finanças e Orçamento uma audição parlamentar da ministra das Finanças, Cristina Duarte, para que a governante explique a venda de ações da Electra a credores.

Também o presidente do conselho de administração (PCA) da empresa, Alexandre Fontes, e o ex-PCA, Antão Fortes, agora presidente do conselho executivo, serão ouvidos para clarificarem a situação técnica, económica e financeira da Electra que, em 2010, teve um prejuízo de um milhão de contos (9,06 milhões de euros), subindo a dívida acumulada para cerca de 10 milhões de contos (90,69 milhões de euros).

No encontro com os jornalistas, Elísio Freire exigiu ao executivo de José Maria Neves que explique a estratégia que o Governo tem para uma empresa que está, disse, "falida", sobretudo através da transformação de empréstimos em ações da Electra.

"Foi assim com o INPS (Instituto Nacional da Previdência Social), 428 mil contos (3,88 milhões de euros) transformados em ações da empresa. O INPS deu o dinheiro dos cabo-verdianos para a Electra poder pagar os salários, poder comprar combustíveis, para dar eletricidade dia sim, dia não?", questionou.

"Agora, soubemos que um banco, o BAI, emprestou dinheiro à Electra, no valor de 700 mil contos (6,34 milhões de euros), um valor que vai ser transformado também em ações da empresa. Ou seja, quem empresta mais, toma mais da empresa pública. Que estratégia é esta? Que critérios estão a ser utilizados? Porquê este banco e não outro?", insistiu Elísio Freire.

O líder parlamentar do MpD perguntou também se a lógica para ser dono da empresa passa por "meter dinheiro fresco" e, considerando que tal "não é estratégia nenhuma", pediu ao Governo que "assuma responsabilidades e que pare de desviar a atenção" dos cabo-verdianos.

"A Electra está falida. Uma falência que se deve à irresponsabilidade do Governo, que nacionalizou a Electra em 2007. Na altura, prometeu mais água, mais eletricidade, a um preço mais baixo. Hoje temos mais apagões e menos água", disse.

Para Elísio Freire, o primeiro-ministro, nos últimos anos, tem-se desresponsabilizado da situação, apontando "sempre vários" culpados.

"Foi sempre o MpD, as câmaras, os funcionários da Electra, os portugueses e os sabotadores. Agora, já não pode esconder a verdade. Apelamos a que tenha bom senso. Não invente sabotadores, não arranje mais desculpas e assuma as responsabilidades. Falhou com os cabo-verdianos na questão da energia e água", concluiu Elísio Freire.

Até 2006, a Electra foi gerida pelas empresas portuguesas EDP e ADP, tendo o Governo então nacionalizado a empresa, que agora pretende reestruturar, dividindo-a em duas -- Norte (ilhas do Barlavento) e Sul (Sotavento), preparando, ao mesmo tempo, a reprivatização.

No início deste ano, na campanha eleitoral das legislativas de Fevereiro, José Maria Neves prometeu privatizar a empresa pública ainda em 2011, mas terça-feira, em declarações à Agência Lusa, Cristina Duarte admitiu que tal já não acontecerá.

5-6-2011, 06:49:49
Fonte: Agência Lusa/Expresso das Ilhas