Líder do maior partido da oposição cabo-verdiana defende saída de Kadafi do poder

17-06-2011 20:03

 Cidade da Praia, 17 jun (Lusa) -- O líder do maior partido da oposição em Cabo Verde (MpD, Carlos Veiga, defendeu hoje, após um encontro com o chefe do executivo, que a saída presidente Líbio do poder seria a melhor forma de resolver a crise naquele país.

A reunião foi convocada pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, para discutir com o principal partido da oposição cabo-verdiana as posições que o país deverá assumir na próxima cimeira da União Africana, marcada para 30 de junho e 1 de julho em Malabo, Guiné-Equatorial, e que deverá centrar-se na questão da crise na Líbia.

"Foi um excelente encontro em que as posições que temos defendido e as posições do governo convergem. Cabo Verde falará, nos diversos fóruns internacionais a uma só voz. Nós defendemos que a questão só poderá ser resolvida com a saída de Kadafi e a consideração do Conselho Nacional de Transição como interlocutor legítimo para a solução do pós-Kadafi", disse Carlos Veiga.

Carlos Veiga explicou que já na próxima semana estará presente no encontro da IDC (Internacional Democracia de Centro) onde deverá defender a saída de Kadafi "convencido de que estaremos a falar no mesmo sentido em que o governo irá se pronunciar", afirmou

O líder do executivo cabo-verdiano, por seu lado, explicou que a posição do governo será pela defesa da via do diálogo na solução da crise Líbia.

"Pensamos que deve haver diálogo entre as partes e é esta a posição que neste momento os principais interlocutores aqui em Cabo Verde também defendem", considerou.

Questionado se existe uma convergência de posições entre o governo e o MpD em relação à situação na Líbia, José Maria Neves disse que, no essencial, "existem pontos convergentes" entre a análise que o governo faz e a que defende o principal partido de oposição.

"Mas o mais importante deste encontro é a negociação que deve haver entre o governo e os partidos com assento parlamentar, sobretudo em relação à problemática das relações externas para podermos falar a nível internacional a um só voz, defendendo os valores da liberdade e democracia, da construção do estado de direito democrático em África e a criação de condições para o desenvolvimento africano", afirmou.

Quanto à realização da próxima Cimeira da União Africana (UA) na Guiné Equatorial, um país com um regime político não democrático, José Maria Neves esclareceu que o país é o anfitrião do encontro dos chefes de Estado e do Governo de África, enquanto membro da UA.

"Cabe aos povos avaliarem os governos dos seus países e tomarem as posições que acharem corretas", sublinhou, acrescentando que não compete a Cabo Verde intervir nos assuntos internos dos outros estados.

Na cimeira de Malabo, Cabo Verde estará representado pelo Presidente da República, Pedro Pires, e pelo ministro das Relações Exteriores, Jorge Borges.

Nos próximos dias, José Maria Neves vai informar Pedro Pires sobre a posição oficial do Governo, já concertada com os partidos da oposição.

Esta tarde, o chefe do Governo reúne-se ainda com uma missão da União Cabo-verdiana Independente e Democrática UCID), liderada pelo seu Presidente, António Monteiro, para também debater a posição de Cabo Verde na próxima cimeira da União Africana.