Cruz Vermelha: Direcção Nacional com mandato caducado há mais de três meses

21-06-2011 13:07

 


 


O mandato da direcção da Cruz Vermelha de Cabo Verde caducou, desde Fevereiro, e os dirigentes não mostram abertura para a marcação da próxima eleição. A afirmação é de Celestino Duarte, voluntário e membro do concelho superior e executivo da Cruz Vermelha. Num exclusivo ao Expresso das ilhas, o dirigente adianta que a instituição tem funcionado com um plano de actividades deficitário e desorganizado. 

"O mandato da equipa dirigente já caducou há mais de três meses, uma vez que a última eleição foi no dia 9 de Fevereiro de 2008, para um mandato de três anos, que terminaria a 9 de Fevereiro de 2011. Estamos em Junho e o corpo directivo continua no cargo", denuncia Celestino Duarte, acrescentando que os elementos que compõem a direcção não querem que se faça eleição.

Duarte relata, que 100 dias antes do término do mandato, ele, como membro do conselho executivo, fez um comunicado, anunciando aos demais dirigentes que o mandato já estaria na sua recta final e que era necessário a elaboração e apresentação dos resultados. No entanto, considera que não foi levado em conta.

"Esse documento foi recebido como uma provocação. Não defendo que a eleição teria que ser no mesmo dia, ou seja a 9 de Fevereiro. O que não é correcto é depois de vários meses da caducidade do mandato, ainda não se ter uma data para a realização de eleições", assegura.

Duarte denuncia que o presidente, e os seus dois vice anunciaram há muito que não iam recandidatar a esses cargos, nem estavam receptíveis a uma nova eleição.

Aquele dirigente considera que em termos de organização e funcionamento existem muitas queixas na instituição, podendo-se destacar o plano de actividades que é feito, tardiamente e de forma desorganizada.

"Não é razoável, que uma instituição com recursos humanos, materiais e financeiros como a Cruz Vermelha, não consiga elaborar um plano de actividades em tempo e hora oportunos. Durante todo o mandato, chegou-se sempre a meio do ano sem um plano de actividades nem orçamento".

Para Celestino Duarte, o plano de actividades disciplina o regulamento e o funcionamento da instituição, permitindo , medir o impacto dos objectivos. "Quando não há plano de actividades, há improvisos. Isso tem estado a acontecer na Cruz Vermelha, não só de 2008 a 2011, mas desde há muito tempo".

Também outra denúncia de Duarte é que a conta gerência é pouco esclarecedora, uma vez que não faz uma abordagem detalhada das receitas e despesas. "O método utilizado para apresentação da conta gerência não é esclarecedor, uma vez que não se faz um relatório claro sobre as receitas e despesas.

Duarte, critica o Estatuto da instituição, que para ele, dispõe de um erro grave, uma vez que o presidente da Cruz Vermelha é também presidente da Assembleia, presidente do conselho superior e do conselho executivo, situação que se agrava ainda mais, porque não existe um conselho fiscal.

"A própria Cruz Vermelha Internacional já pressionou para mudar esse Estatuto. E isso, nunca aconteceu por falta de vontade dos dirigentes", denuncia.

Celestino fez saber também que por causa da desorganização e o mau relacionamento entre o secretário e os presidentes dos conselhos locais e o deficiente serviço prestado pela secretaria-geral, os conselhos locais sentem-se desapoiados e desmotivados.

"Devido a isso, muitos presidentes dos conselhos locais pensam em abandonar o cargo, nomeadamente os dos concelhos do Maio, de São Nicolau e Santa Cruz", aponta, para informar que, já houve situações em que a Cruz Vermelha, tenha chegado a despender fundos para apoiar outras instituições, enquanto alguns concelhos locais passavam por necessidade, exemplificando com Santa Cruz.

Assumindo-se como candidato à presidência da Cruz Vermelha de Cabo Verde, Celestino Duarte considera, que não há hábito na instituição de respeitar o Estatuto. Considerando grave a situação, promete, caso for eleito, fazer tudo para que o Estatuto seja revisto e respeitado por todos e principalmente pelos dirigentes.

É de referir que a nossa reportagem tentou falar com a Presidente da Cruz Vermelha, Eloisa Évora que se mostrou indisponível para abordar essa matéria, dizendo que sobre o assunto não falará, uma vez que já conhecia o assunto e os seus mentores.