Peste suína africana: 2500 porcos já morreram no Fogo

13-06-2011 15:21

 

 

Peste suína africana: 2500 porcos já morreram no Fogo


O surto de peste suína está, por ora, confinada à ilha do Fogo, onde já morreram, segundo estimativas oficiais, cerca de 2.500 porcos em todos os concelhos, aguardando-se agora os resultados de uma missão de avaliação oficial.

Segundo Afonso Semedo, coordenador da Direcção-Geral de Agricultura, Silvicultura e Pecuária cabo-verdiana, além do Fogo, de onde foi proibida a saída de suínos e derivados, há casos de mortes de porcos nas ilhas de Santiago e do Maio, embora não tenha sido confirmado se se trata da mesma doença.

Questionado pela Agência Lusa sobre as razões para não se abaterem os animais, tal como recomenda a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Afonso Semedo foi claro, indicando que, por um lado, não há legislação para isso e, por outro, não existem verbas para pagar indemnizações.

"Nos países ricos, é isso que se faz. E depois procede-se ao repovoamento. Mas em Cabo Verde não há condições. Não há legislação, nem dinheiro para pagar as indemnizações aos proprietários dos animais, nem hipóteses de criar condições para um repovoamento", sublinhou, garantindo que a doença não é transmissível para o homem.

O preço médio de cada leitão ronda entre os dez mil e os vinte mil escudos, enquanto o de um porco já criado varia entre 25 mil e 30 mil escudos.

As primeiras mortes dos suínos ocorreram em Fevereiro deste ano, mas só a 17 de Maio, após análises iniciais, foi confirmado o surto de peste suína africana, com o governo a decretar, através de uma portaria, datada de 30 de Maio, o embargo à carne de porco e respectivos derivados a partir da "ilha do vulcão".

A 06 deste mês, e face ao aumento dos casos de morte dos animais nas ilhas de Santiago e do Maio, que estão a ser analisados, o Executivo cabo-verdiano colocou também as duas ilhas de quarentena.

"Para já, só temos possibilidade de combater o surto através da prevenção. Ao longo do tempo, os animais vão acabar por morrer, pois a doença quando ataca, mata. Os mais resistentes criarão anti-corpos e o surto desaparecerá por ele próprio", explicou Afonso Semedo, admitindo que se deveria seguir os procedimentos da FAO.

"Mas não há dinheiro para um programa de erradicação", frisou, lembrando que a situação é "grave" e que, como tal, "apenas se pode gerir a gestão do surto".

Afonso Semedo lembrou que, em 1999, a ilha de Santiago - "onde a doença é endémica" -, teve surto idêntico ao que se regista no Fogo e que o problema "resolveu-se por si", mas admitiu ser "estranho" que a peste suína africana tenha chegado ao Fogo.

Nesse sentido, e questionado pela Agência Lusa, o responsável cabo-verdiano admitiu a possibilidade de a doença alastrar a todas as ilhas, embora não haja qualquer indicação nesse sentido.

Há cerca de duas semanas que a carne consumida na ilha do Fogo não está a ser inspeccionada, porque os técnicos da delegação do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural deixaram de o fazer por falta de condições nas instalações das diferentes pocilgas, que servem também de matadouro.